sábado, março 25, 2006

Morres aos poucos...

Acordo à hora do costume, levanto-me com a vontade de sempre e mais uma vez me alongo lentamente para a banheira. O duche matinal – esse sim o meu despertador – dá-me forças e coragem para enfrentar mais um dia. Pego na primeira roupa que vejo no armário (tendo sempre em atenção o dress code), visto-me à pressa e saio como uma bala.
Mal chego à rua o Sol rasga-me os olhos e quando dou por mim estou a descer as escadas ainda meio atordoado para entrar na estação do Metro. O trabalho corre normalmente com os problemas que não variam, mas avariam. No final do dia sinto-me gasto como uma borracha, mas mesmo apagado arranjo forças para regressar a casa.
E é neste longo e tumultuoso caminho de volta para casa que fico realmente abalado. Ao contrário de grande parte dos utilizadores do Metro de Lisboa não tenho iPod nem costumo estar a ouvir música no leitor de mp3. Assim sendo vou ouvindo os sons que me rodeiam. Conversas banais, discussões de namorados, explicações sobre qual o melhor jogo de computador da actualidade, enfim… um sem número de assuntos. É nesta agitação que me encontro a ouvir um sem fim de línguas! Sem muito esforço (inclusive sem olhar) consigo aperceber-me das origens das pessoas que ali se encontram. E de uma coisa tenho a certeza: a sua maioria não é portuguesa! Ou se é não fala a sua língua-mãe.
Quantas e quantas vezes imagino o Excelentíssimo Sr. Luís Vaz de Camões a dar voltas ao túmulo. Hindi, Mandarim, Romeno, Espanhol, Crioulo, Ucraniano entre tantas outras línguas que consigo ouvir enquanto vou para casa. E Português? Pouco, muito pouco. Escasso! Ainda para mais tendo em conta a qualidade do Português que é falado. Até anúncios em cartazes publicitários vemos em Russo ou Ucraniano. Sou racista por querer ouvir falar em Português a caminho de casa? É preconceito? Não é normal gostar tanto assim da língua oficial do meu País que me frustre o facto de não a ouvir depois de um dia cansativo de trabalho? Será que Portugal está-se a tornar num melting pot americano e vamos perder a nossa cultura, os nossos costumes, a nossa língua e caminharemos para uma cultura global, uma língua universal? Estou a ser alarmista?
Deixo as respostas para vocês, caros leitores, responderem!