terça-feira, fevereiro 14, 2006

Massacre do dia de São Valentim

Dia 14 de Fevereiro - Saíu do bar já meio tonto, desorientado não só com a própria vida mas também com o espírito. Sentou-se no passeio a recordar porque motivo tinha começado a beber naquela noite e veio-lhe o filme à memória:
- Brindemos ao respeito! Ao respeito por nós, ao respeito por cada um e ao respeito por vocês próprios.
Foi o primeiro "shot" dessa noite. Palavra que significa um tiro ou uma descarga. Tiro nas feridas para descarregar as frustrações. Ou apenas descarregar o stress e dispararmos rumo a uma noite diferente. Meias palavras entre conversas e gargalhadas. Ainda nem o último tinha aconchegado o estômago e já tinha mais dois à frente. Ganhei confiança, olhei-te de frente e mandei-te abaixo. Era este o "shot" que precisava para esquecer que tenho medo ou era o que me iria dar confiança para o próximo "tiro"? As mágoas dentro de um copo, a descrença num gesto repetido de quem o levanta. Respirei fundo, bebi mais um e já inebriado arrastei-me para a felicidade. O álcool liberta-nos no seu calabouço.
Meio tonto, meio alegre levantei-me e dirigi-me à casa de banho. Heráclito disse que não cruzamos o mesmo rio duas vezes
porque ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que estarão lá e mesmo a pessoa já será diferente. Compreendia finalmente essa frase enquanto via as frustrações a irem ralo abaixo. Saí com o espírito iluminado de felicidade, dirigi-me à minha mesa e voltei a sentar-me. Desta vez fui eu que mandei vir os "shots".
- Esta rodada sou eu que pago!
Mal sabia onde me estava a meter. Bebi um, outro e ainda mais um.
Um atrás do outro, o massacre tinha um sabor de vingança com mistura a vitória. E toda a gente sabe que o mal está nas misturas!
Enquanto estava encostado às cordas sem saber o que me tinha atingido badalavam três palavras na minha cabeça. Carinho. Carinho por aqueles que amamos e nos apoiam nos momentos em que o mundo desaba sobre nós e precisamos de uma mão amiga. Paixão. Paixão pela vida. Pela nossa vida que independentemente de ser boa ou má é a nossa vida. E só nós temos o poder de moldá-la e criar algo belo. Por fim a sedução! A sedução é a conquista, a atracção pelo outro, é o encanto que se vive numa qualquer noite com alguém que ainda não se conhece ou numa tarde agradável com alguém que se conhece desde sempre.

Vi-o finalmente a levantar-se do passeio. Parecia cansado de uma noite agitada, ainda assim caminhava de sorriso rasgado. Presenciei ao "Massacre do dia de São Valentim", mero espectador pude constatar que apesar dos seus objectivos não terem sido todos concretizados este jovem tinha tido uma noite memorável. Pelo menos até à manhã seguinte...

9 comentários:

disse...

Força Bruno, esperamos ansiosamente pelo teu primeiro post.

Um abraço Mó

Chef Cosme disse...

Bruno fico à espera de ver as mais recentes obras da tua hiper-criatividade! Surpreende-me lá com um dakeles teus textos magnificos, de uma crueza subtil tão saborosa.
Beijinho

Chef Cosme disse...

O rapaz tem talento! Ainda vamos ter aqui um best-seller mundial... eu sou a fã numero um!

Anónimo disse...

oi maninho lindo........bom tu ja sabes k eu amo.......venero.......admiro o k escreves e a ti tb........es o melhor maninho k podia ter..........es o meu mano.......es o meu mano so scp........ja sabes aki a je da tua manita ta smp aki por ti.........e a tua manuska adora t tmtmtmtmt

bjx**********************drty

disse...

Pois é,

Finalmente a obra do fatidico dia.
Espero que essas mágoas que afogaste em shots, não ensobrem o teu sonho de cavaleiro que transporta a poesia como espada para conquistar a sua amada.

Um abraço

Anónimo disse...

A questão reside no fazer com que cada momento seja memorável, seja até á manhã seguinte, seja até 1h depois do sucedido...Daí chega-se à falada conquista. Ter a noção da existência de momentos irrepetíveis é um dom.
Gostei da escrita crua, pões o leitor na cabeça do personagem senão dentro das emoções dele.. falta aquela parte, apenas, da poesia,o tom meloso que tu buscas no dia a dia, na tal Donzela... Espero que essa mágoa do tal dia, tenha sido apenas mais um episódio, e que hoje estejas já com outro espírito de conquista..
Como diz o outro, "sei que sou diferente mas vou manterme igual..." É isso mesmo, mantém-te assim. Abraço

Anónimo disse...

Fico à espera de mais man..

Renata disse...

Não gosto de deixar posts só por deixar, mas gostei realmente do texto. Gostei tanto que não tenho nada a acrescentar! Espero que te este comentário te motive a escreveres mais, já que é o comentário de uma mera desconhecida q gostava de ter o prazer de ler mais uns textos teus! ;) A tua maneira de escrever faz-me lembrar as crónicas do António Lobo Antunes. Enfim gostei,não me vou alongar mais. Até à proxima!

Anónimo disse...

gosto especialmente deste texto ;) beijoca