domingo, novembro 19, 2006

Realidade da minha vida fictícia - Cp I

Lembro-me perfeitamente do nosso primeiro beijo. Meio nervoso, meio tímido perguntei-te ingenuamente se te podia beijar. No meio do Oriente, disseste-me que sim com o teu olhar terno e para sempre fiquei marcado.
Tenho saudades de ir ter contigo à escola, levar-te aquela flor colhida num qualquer jardim e ver-te sorrir. Sinto falta desse sorriso...
Recordo a nossa primeira vez tal e qual como se fosse hoje. Tremia de frio, mas tremia principalmente por querer tanto que fosse especial a celebração da nossa paixão. E foi, acredita! Tatuaste-me essa noite no peito. Quando saíamos da escola de mãos dadas, a conversar sobre alguma coisa e coisa nenhuma. Aquele final de tarde em que parámos na ponte pedonal a observar a lua cheia. Sussurrei-te ao ouvido que um dia te ofereceria a lua. Tu? Tu beijaste-me carinhosamente os lábios para que a minha boca não soltasse mais tolices.
Quando jogávamos ao "jogo do sério" em que os nossos olhares se fixavam como por magia um no outro, entrávamos dentro da alma um do outro, sentia-te somente através do olhar. Por ti cheguei a dormir na rua. Uma noite passada ao relento, no banco de um jardim, na esperança de te voltar a ver. Não me esqueço!
Não me esqueço como me roubaste um beijo no cinema quando só queria uma pipoca. As nossas discussões, os teus amuos, os ciúmes que tinhas e as telenovelas que fazias quando eu olhava disfarçadamente para outras mulheres. Sinto saudades disso. Fui ter contigo ao Algarve e sem sítio para dormir a minha cama foi a praia. E nela vi, abraçado a ti, a minha primeira estrela cadente. Momentos especiais que guardo no meu coração, tal como a nossa viagem a Itália em que te agarraste com toda a força à minha mão quando o avião descolou da pista.
Mágica foi também aquela noite em que conversámos durante horas a fio. Falámos sobre ti, falámos sobre mim, falámos sobre nós. Considero essa noite tão mágica como quando a nossa primeira vez. Revelei-te segredos que não contei a mais ninguém. Demo-nos tanto um do outro um ao outro...
E sempre que encostaste a tua cabeça ao meu peito para chorar, senti que éramos eternos. Mas a eternidade é uma ilusão. Eternos, sim, são os momentos que escrevo agora. Efémero foi o teu sentimento. Fugaz até. Para mim "nós" seria para sempre. Para ti foi só mais um momento. Não digo "adeus", digo antes "até já"!

17 comentários:

Anónimo disse...

even soulmates part ways sometimes ..


recorda o passado, mas nao o vives

ProTrunks disse...

Gosto dos comentários anónimos em inglês-farrusco quando se diz meia frase e pensa-se ter tudo dito. Tendo em conta ser mau entendedor, solicito mais do que meia palavra, por favor! Obrigado. ;)

Anónimo disse...

Comentarios anominos é o melhor que existe aliás se andas na net a probabilidade de coisas anonimas é bastante grande lol :)

De qq forma na vejo a parte de inglês-farrusco talvez seja mau entendedor tb lol.

Mais do que meia palavra então pq não uma pergunta, pq a escrita sobre o passado ??

recordar o passado é bom mas não devemos permanecer lá

ProTrunks disse...

Caro/a Anónimo/a,

A beleza da escrita encontra-se maioritariamente na sua criatividade. Caso não tenha lido ainda o texto anterior a este, nada implica que aquilo que eu escreva nestes capítulos sejam a verdade ou toda a verdade. Na minha liberdade poética posso pegar em meias-verdades ou mesmo na sua verdade e fazê-la a minha realidade. Parece-me óbvio que a conjunção subordinativa condicional utilizada por si é facilmente explicada pela simples criação do blog.
Tal como o/a Sr(a) anónimo/a, também considero importante recordar o passado sem no entanto permanecer lá. Tal como é importante não esquecer as pessoas e os mementos que viveram e vivem em nós. Se somos o que somos hoje é devido ao que fomos construindo até então.
E sim, o seu inglês é farrusco.

Agradeço sinceramente a celeridade da sua resposta anterior. É bom saber que, para além dos meus amigos, visitam o meu blog.

P.S. Num próximo texto tentarei falar sobre o futuro baseado em profecias "nostradâmicas" e no próximo jackpot acumulado do Euromilhões. ;)

Anónimo disse...

nem sempre o passado é realmente o passado, e nem aquilo que se escreve é o espelho da realidade.
simplesmente genial...adorei

Orquídea disse...

Tenho um momento, recente, na minha vida em que "nós" seria para sempre. No entanto, tudo o que ficou, ou sobrou, foi um "até já" que nunca se concretizou.
Este texto diz muito, tanto de ti, como de quem os lê. Pois, traduz pedaços de momentos da vida de cada um.

kayta disse...

Gostei...;)
Não vale a pena repetir o q, por si, já está implicito, mas insisto em fazê-lo...:p
O teu texto mostra pedaços de algo q tdos nós já passámos...Está bem escrito...fez-me repensar...Não só no passado, por incrivel q pareça, fez-me também pensar no presente, no futuro...Pois a qualquer momento o "nós" pode deixar de fazer sentido...e vir o tão falado "até já"...:/ Enfim...mas são coisas em q não vale a pena perder muito tempo a pensar;) Mais vale ser feliz enquanto a felicidade dura, para mais tarde poder relembrar estes momentos sempre únicos de felicidade!;)

E já me pus a divagar demais...lol

Em suma, pronto, gostei!:p

****

Anónimo disse...

Quero que continues a sonhar e realizes os teus sonhos. Mesmo que estejamos separados desejo-te um futuro risonho...
Tu mereces concretizar tudo aquilo que me falavas, sei que sabes que é com carinho com que te escrevo estas palavras...

Tudo o que vivemos por mim será recordado, até ao dia em que os nossos caminhos se separaram...há sempre carinho entre duas pessoas
que se amaram...

Anónimo disse...

talvez o amor se traduza nisto mesmo - amalgar os mais bonitos momentos da existencia até nao haver quem, quando e onde. o sentimento ultrapassar tempo e espaço e ser apenas sangue, cheiro e luz.
como sempre, os teus textos transportam-me para um tempo de doçuras ainda por guardar num canto mais obscuro da memoria. de facto, cada lembrança desses tempos é ainda carne e sangue em mim, mais do que apenas um sopro lembrado numa tarde preguiçosa...
talvez seja esse afinal o maior pecado de mim - ser tao crua que tudo o que foi é ainda.
talvez seja essa a minha maior virtude tambem.
obrigada por tudo, principe. ate ja.

Anónimo disse...

no coment anterior queria dizer "amalgamar" e nao "amalgar" (será que isso existe? lol)

Anónimo disse...

devo dizer q este adorei este texto...

eu sou mais de prosa ;)

bjocas

Anónimo disse...

"É este o grande drama do prazer; todas as coisas agradáveis acabam por amargar; todas as flores murcham quando as colhemos, e o amor morre tanto mais depressa quanto é mais retribuído. Por isso o passado parece-nos sempre melhor que o presente; esquecemos os espinhos das rosas colhidas; saltamos por cima dos insultos e injúrias e demoramo-nos sobre as vitórias. O presente parece muito mesquinho diante de um passado do qual só retemos na memória o bom, e diante de um futuro que ainda é sonho. O que alcançamos nunca nos contenta; «olhamos para diante e para trás em procura do que não está ali»; não somos bastante sábios para amar o presente do mesmo modo que o amaremos quando se tornar passado. Quando mergulhamos num prazer, o nosso olhar vai para longe - a felicidade ainda não está alcançada apesar de termos o deleite nos nossos braços. Que mau demónio nos afeiçoou assim?" (Will Durant)

Apesar de não concordar totalmente com este excerto de Will Durante, achei que se aplicava um pouco ao que escreves-te. Pois, embora não tenhas demonstrado, explicitamente, mágoa em relação ao teu presente, sinto que existe (ainda) alguma tristeza. O que é perfeitamente natural e inevitável. Por vezes as recordações são boas, a saudade é que mata, não é verdade? ...

Concordo contigo, em parte, quando dizes que a eternidade é uma ilusão. Infelizmente (ou felizmente, não sei), cada vez vamos tendo mais noção disso. No entanto, acho que podemos ver o lado positivo da efemeridade das coisas/situações/pessoas. Ao termos noção disto, acabamos por viver a vida com mais intensidade e dar valor ao que e a quem realmente merece, pois, tal como escrevi no meu hi5, “vale a pena saborear cada dia, cada hora e cada minuto das nossas vidas." ;)

Gostei muito do teu blogue, e devo dizer-te que tens imenso jeito para escrever! Desde reflexões do dia-a-dia, a poemas lindos que aqui escreves-te, acho que conseguis-te, essencialmente, pôr os leitores deste blogue a reflectir um pouco… ;)
Parabéns pelo blogue! ;)

Um grande beijinho, Bruno.


Rita G.

Anónimo disse...

Muito bem escrito. Aí falas da relidade que todos inevitavelmente um dia passamos. Como ja aqui foi dito infelizmente ou felizmente o "nós" não é eterno, nesta vida nada o é. Eu sou daqueles que ainda acreditam num "até já".

Unknown disse...

é uma frase que gosto muito -

Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós,

Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.

é facilmente aplicável na tua história
(embora eu nunca me tivesse lembrado numa situação destas... =))

o final da 1ª verdadeira paixão / amor (?) normalmente é f#d&d%...

Unknown disse...

é uma frase que gosto muito -

Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós,

Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.

é facilmente aplicável na tua história
(embora eu nunca me tivesse lembrado numa situação destas... =))

o final da 1ª verdadeira paixão / amor (?) normalmente é f#d&d%...

Anónimo disse...

http://markonzo.edu http://jonesprinc.com/members/Steam-Cleaners.aspx http://blog.bakililar.az/adtsecurity/ http://studytools.psych.und.nodak.edu/wiki/index.php/User:Carpet_Tiles liberalism http://www.rottentomatoes.com/vine/showthread.php?p=17358285

Rita Miranda disse...

senti-me obrigada a comentar, porque adorei este texto, acima de todos os outros. (e tambem porque sei que gostas que comentem, embora venha com quatro anos de atraso...)
todo o texto tem um beleza singela e um sorriso ingenuo. mais destes deverias escrever, ficticios ou reais...
[apenas tenho pena de uma coisa. a forma como termina. a ultima frase quase que estragava tudo...]